sábado, 3 de novembro de 2007

Sem Lugar Para Adorar

Um dos maiores erros que o ser humano pode cometer em sua relação com Deus é o reducionismo. Por não conseguir compreender toda a plenitude do ser infinito de Deus e de suas verdades, freqüentemente o homem adapta essas verdades eternas à sua compreensão finita. É assim que os mandamentos de Deus tornam-se regras de um legalismo frio. É assim que a oração torna-se mera repetição de palavras inócuas. É assim que o relacionamento Pai-filho intencionado por Deus é vivenciado como mera religiosidade por muitos cristãos.
A adoração, que constitui uma das características vitais do relacionamento com Deus, não escapa às garras do reducionismo. Aquilo que foi pretendido por Deus para ser algo dinâmico e contínuo tem sido reduzido a um mecânico ato cerimonial. Basta olharmos para a concepção que temos hoje de tudo o que envolve a adoração. Ela é compreendida como uma parte de nosso sistema religioso, marcada por um momento específico do culto, atitudes específicas e posturas específicas. Para começar, na concepção cristã moderna, a adoração está intrinsecamente vinculada à musica. O chamado “ministério de louvor e adoração” criou uma elite ministerial que exalta a figura do músico, equiparando-o ao levita do Antigo Testamento. Obviamente algumas características do ministério levítico, especialmente no tabernáculo de Davi, incluíam a atribuição da ministração ao Senhor através da música. No entanto, a música em si não compreendia a totalidade do que representava o ministério levítico.
Além da questão musical, vemos esse cerimonialismo expresso de diversas formas: em canções específicas para adoração, em expressões corporais específicas de adoração (levantar as mãos, bater palmas, etc), em períodos de louvor que normalmente antecedem a mensagem, considerada a parte principal do culto; enfim, estes e outros componentes semelhantes fazem da adoração um momento definido “encaixado” dentro da liturgia cristã.
Nossa visão ritualística da adoração vem, na verdade, dos modelos veterotestamentários em que existia um lugar (o tabernáculo), um ritual (o sacrifício) e uma postura altamente rígida para a prestação do culto. Tudo exigia um momento certo, um lugar certo, um procedimento certo e uma postura certa. Essa rigidez do cerimonial traz consigo uma característica importante que tem sido muitas vezes esquecida na igreja do tempo da graça: a reverência. Existia um grande temor por parte daqueles que eram responsáveis por essas expressões de adoração. Temor este que os levava à excelência no que dizia respeito à qualidade do ritual. No entanto, será que a adoração pretendida por Deus para o seu povo era ritualística?

Pr. Mateus Ferraz de Campos
Ministério Canto do Céu (www.cantodoceu.com.br)

Continua...

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